11.6.08

Quais mulheres são livres da escravidão dos olhos dos homens?


Lembro-me de, em um domingo à tarde, ver no programa do Faustão, após uma rápida reportagem mostrando como viviam as mulheres no Afeganistão, o apresentador trazer uma burca e vestir em uma das dançarinas do programa. Todos ficaram indignados ao ver como uma mulher tinha que se vestir naqueles países de religião muçulmana. Alguns entrevistados falavam: “é um absurdo uma mulher ter que se submeter a este tipo de veste por causa de uma religião (sociedade)” e uma mulher que estava perto de mim falou “elas se tornaram escravas por causa dos olhos dos homens”.

Mesmo não concordando de forma veemente com o jeito de vestir que a religião/Estado exigem das mulheres mulçumanas, pensando bem, não sei se o Brasil é muito diferente do Afeganistão. Acho que são dois lados de uma mesma moeda!

Em países de religião/Estado mulçumano, as mulheres têm que cobrir o corpo todo até a cabeça. Na maioria das vezes só ficam os olhos de fora, e que olhos! Isso vem de regras oficiais do Estado e da cultura local.

Eu sempre entendi que, na história, as mulheres “pagaram o pato” por causa dos homens. Por causa dos olhos, ou melhor, da mente dos homens, quem tinha que mudar era sempre a mulher. Até porque, Jesus não falou: se o teu olho te faz pecar, arranque o que você viu e te tentou e, olhe de novo!

Lembro-me de um acampamento, quando era adolescente, onde as meninas só podiam ir para a piscina de maiô e camiseta. Eles alegavam que se não fosse assim, estariam induzindo os homens a pecar. Na entrada da piscina tinha uma placa grande: Só é permitido roupa de banho de uma peça (maiô)! Eu e os meus amigos brincávamos: Eba! Então vai ter topless!!!

Mas por outro lado, temos que entender que esta escravidão das mulheres por causa dos olhos dos homens pode refletir de outra forma.

Voltando ao programa de TV, como era patético ver as outras dançarinas seminuas, indignadas por existirem mulheres que se vestem daquele jeito por causa de uma sociedade machista que imprime na mulher o jeito que ela tem que se vestir para ser aceita. Elas mal perceberam que aqui no Brasil a base do problema é a mesma, só que se reflete de forma contrária.

Dançarinas de programas de auditório, cantoras de bandas de axé, “funkeiras”, atrizes nuas na Playboy e uma infinidade de profissões, refletem a escravidão da mulher no Brasil que tem que mostrar o corpo para ser valorizada. Não percebem que a sociedade capitalista machista em que vivemos, fala com palavras bem claras: Mulher boa é mulher que tira a roupa!

Quando a dançarina do Faustão tirou a burca e ficou com sua sainha minúscula e seu bustiê, aí sim todos nós sentimos que ela voltou a ser livre de novo, livre de ser uma escrava dos olhares dos homens, livre de uma sociedade machista escravizadora.

Mas parando para pensar, lá no fundo da alma, me pergunto. Será mesmo?

[Artigo escrito originalmente para o www.sexxxchurch.com]

9 comentários:

  1. Muito interessante e real essa visão. Gostei. Penso que neste mundo as coisas estão bem confusas. Mas agradeço a Deus por existirem homens e mulheres que temem ao Senhor Deus e são verdadeiramente livres em Cristo Jesus.
    Deus abençoe o ministério para o qual fostes chamado.
    Graça e paz!
    Irmã Ethel

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  2. caro marcos,

    a verdade é que, desde o pecado original, a mulher tenta ser livre. todas as sociedades, antigas e contemporâneas, ocidentais e orientais, foram e continuam sendo patriarcais, explorando e submetendo a mulher, seja à obediência cega ou a comportamentos aparentemente inocentes que se refletem (como não poderia deixar de ser) na igreja. ainda somos criadas e educadas para encontrar um bom marido, e para isso devemos ser bonitas, atraentes etc. toda a lógica machista da mulher como objeto, que enfeita e é agradável à vista do homem (e secundariamente pode ter outras qualidades, como ser inteligente. ahaha)

    aliás, a coisa da mulher como culpada pelos pecados do homem também já vêm de longa data, né.

    ótimo blog, voltarei mais vezes. um abraço.

    ::

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  3. Como vão as coisas, pr Marcos?
    Meu nome é Everton. Sou pr na SIB Macaé/RJ. Atuo como ministro de Missões e Evangelismo, e, de quebra, como líder dos adolescentes (Bota quebra nisso...rss. São bençãos em minha vida!).
    Tenho me comunicado com o pr Rafael Curty e dito que estou a disposição pra divulgar o ótimo trabalho de vcs aqui, Região dos Lagos.
    Aproveito pra dizer q gostei dos seus textos. Vou utilizá-los como base de algumas mensagens e dizer a fonte, com mto prazer!
    Conheço sua digníssima! Dê um abração na Naty por mim!
    Att,
    Pr. Everton Willian

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  4. Pux! É verdade! Imposição subjetiva. E qual é a pior das guerras? A que vc sabe que acontece e fica sempre atenta ou aquela "guerra fria" que mata pessoas na calata???
    Salva-nos Senhor!
    Sara de Paula

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  5. Rapaz... mto bom, mas mto bom mesmo..

    Gostei do seu texto... vou colokar o link e recomendar no site da nossa federação

    Abraços

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  6. As mulheres brasileiras se vestem como as dançarinas do programa por causa dos homens sim, mas por outro motivo.
    Não considero essa maneira de se vestir como liberdade conquistada pela mulher, mas como outra forma de escravidão: são escravas da falta de auto-estima, da ausência de amor próprio, da necessidade de atenção e/ou valorização. A mulher precisa que o homem a respeite, a admire, cuide, proteja e a trate com valor, e aí que o homem falha. Ele não faz isso e a mulher exige atenção, como um um cachorrinho que faz gracinha, pula, late e até morde para que seja notado e acariciado. Elas se oferecem usando seu corpo, e acabam aumentando o sentido de desvalorização, e gera tratamentos insanos, cirurgias reparadoras e gastos astronômicos... ciclo repetitivo e vicioso...
    Bjs gds!

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  7. Interessante, mas falho.

    Quero dizer: sim, o bacana considerado pela nossa sociedade são corpos sarados, mulheres semi-nuas, gostosas, com peitão e bundão. Mas algumas mulheres se submetem a isso, e outras não. Elas têm opção e não significa que serão maltratadas caso escolherem uma roupa menos extravagante. Isso pelo simples motivo da existência de pessoas como eu e você; que não dão valor ao jeito semi-nu de se vestir.

    Então, nós temos um COSTUME oposto ao dos muçulmanos, mas comparar no grau de liberdade e obrigação da mulher muçulmana para com a brasileira, é forçar e muito a barra.

    Há pessoas e pessoas. Algumas mulheres gostam de ser vistas como objetos, como máquinas de sexo completamente promíscuas e, já outras, gostam de ser vistas como exclusivas. Ambas estão certas e devem seguir o que preferir, independente que eu concorde somente com o segundo exemplo.

    Abs

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  8. Concordo com sua visão e sinceramente acho que essas mulheres que usam burca são mais livres que estas que precisam expor o corpo para se sentirem "reconhecidas" na sociedade machista que vivemos.
    Pena que são apenas reconhecidas como objetos sexuais!


    Grande abraço.

    @ocleiton

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  9. Excelente texto. Concordo que muitas mulheres não veem que de fato são escravas dos padrões do mundo, não fazendo o menor sentido criticar outras. Independente de religiões ou imposições políticas, o homem já é escravo de si mesmo e libertar-se disso é a melhor forma de poder ver os dois lados da moeda.

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